terça-feira, 6 de março de 2012

Gritos azuis

A noite chega doce como abismo azul.
Ouço Summertime, entre os rumores da noite.
Falam-me de Macapá e da Estação das Docas.
Compreendo, então, que o som vem do meu coração.
Ouço risos de crianças,
E deposito toda a minha esperança nesses pequenos deuses.
Ouço vozes femininas,
E sinto a nudez de todas as mulheres muito lindas,
Como Boeing pousando.
A noite jorra na minha memória
Como cataclismo de rosas
O atrito da Terra no éter
O Concerto Para Piano e Orquestra, de Mozart,
O choro dos jasmineiros
Que vertem Chanel número 1.
O céu é tão intenso que verte rubis
Os shoppings estão lotados
De mulheres seminuas
Nesta noite de março, em Brasília.
Suave como o cochichar de lábios carnudos ao meu ouvido
A noite avança prenhe de romance e mistério
Encontro-a em toda parte
E ela surge das minhas mãos de criador
Na tela do computador
Por toda a eternidade!


Brasília, 711 Sul, 6 de março de 2012

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