quinta-feira, 31 de outubro de 2019

A cura do câncer


RAY CUNHA
raycunha@gmail.com 


BRASÍLIA, 31 DE OUTUBRO DE 2019 – A teoria mais difundida sobre a causa primordial do câncer é a da célula geneticamente defeituosa que escapou do sistema imunológico e começou a se multiplicar e a se espalhar no organismo. Drogas, como tabaco e álcool, enfraquecem a defesa orgânica, assim como obesidade, dieta pobre, sedentarismo, falta de higiene, poluição, defeitos genéticos hereditários, vírus e radiação.

As células defeituosas são como animais parasitas dentro de corpos hospedeiros. O sistema imunológico é composto de um exército de milhões de células especializadas em eliminar qualquer célula defeituosa e microrganismo invasor, um exército em permanente prontidão Mas um corpo debilitado não consegue defender-se.

Na medicina ocidental, ou alopática, os médicos tratam sintomas, nos órgãos ou regiões do corpo, utilizando fármacos e cirurgia. No caso de câncer, o paciente pode ser atendido com radioterapia, cirurgia, quimioterapia, cuidados paliativos e muito analgésico.

Na medicina tradicional chinesa, as síndromes são eliminadas por meio dos meridianos energéticos que circulam no corpo, os quais conduzem a energia primordial, Qi para os chineses, e que se manifesta como yin ou yang. Assim, enquanto na medicina alopática os efeitos colaterais incluem a morte, na medicina chinesa caem para zero.

Tumor, na medicina chinesa, é fleuma, ou massa viscosa, ou calor e umidade, fatores que causam desequilíbrio no meridiano do baço-pâncreas, órgão energeticamente incumbido de remover a umidade interna, a qual provoca travamento no livre e equilibrado fluxo energético. Exemplos de fleuma: catarro, cisto, mioma, cálculo renal ou na vesícula, e tumores benignos ou malignos.

O baço, na medicina chinesa, controla o sangue, os músculos, a ascendência do Qi e abriga o pensamento. Um dos maiores inimigos do baço são as emoções ruins, como a preocupação, por exemplo, e que levam o paciente à depressão. Assim, por meio de acupuntura, aurículo, fitoterapia e moxa, ao remover a umidade e calor internos do organismo está-se combatendo câncer.

Porém, uma coisa fundamental, que nem a medicina ocidental, nem a chinesa, têm, é a visão espiritualista da questão. Nenhuma doença, nada, começa a partir do corpo. Nem doença genética começa a partir do corpo. As doenças começam, sempre, na mente, como emoções ruins. O corpo físico apenas reflete essas emoções, em forma de síndromes, ou de acidentes e tragédias.

Tudo começa no espírito. Antes de encarnar, o espírito participa de uma reunião com seus mentores para definir sua evolução no plano da matéria, encarnando em um corpo, projetado por engenheiros espirituais, especial para aquele espírito que vai encarnar. Mas até um câncer programado para acometê-lo pode ser anulado, dependendo da performance do espírito no caminho da sua evolução.

A hipófise, ou glândula pituitária, localizada na base do cérebro e do tamanho de uma ervilha, é o chacra do duplo etéreo, ou corpo etéreo, por onde o perispirito, ou corpo astral, se comunica com o cérebro. Na acupuntura, esse chacra equivale ao ponto número 20 do vaso governador, o meridiano do yang, localizado no alto da cabeça. Ele nos conecta com o plano espiritual, razão porque o utilizo sempre, não importa que protocolo realize.

Emoções prolongadas, por exemplo, de medo, ódio, tristeza, remorso, preocupação, ressentimento, podem causar as mais diversas síndromes, inclusive câncer, se já houver predisposição para isso. A solução: mesmo que o paciente seja terminal, ele deve começar a amar, se não amava; a perdoar, se odiava; a agradecer, se era ingrato. E para que doença alguma não se torne um pesadelo, ame, seja grato, não julgue, seja útil. Isso é pura luz, e onde há luz não há câncer.

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Suave é a noite

Estou só, na tarde. A tarde está sempre cheia de mistérios. Visto uma camisa branca de algodão, calças e blazer azuis de linho, e sapatos pretos de couro. Meu rosto está bem barbeado e recendo a La Nuit de L’home, e assim misturo-me aos murmúrios e cheiros da tarde. Fragrâncias do mar, vindas do meu coração, amalgamam-se ao perfume das virgens ruivas. A tarde é azul, tão azul que escorre numa tela de Olivar Cunha. Ouço sussurros, como o roçar dos lábios de uma mulher de olhos verdes, mas sei que são apenas sons da tarde.

Estou só, na tarde, pois minha amada viajou. Assim, navego no rio da tarde ao encontro da minha amante. Meus passos me levam a um café no Setor Hoteleiro Sul. Há tantas mulheres lindas no café! Duas conversam sentadas em um sofá. Uma é loira e seus olhos são azuis como a tarde; a outra é ruiva, e seus olhos se confundem com esmeraldas. Riem. Seus risos são cristalinos como crianças recém-lavadas, ao sol matinal da primavera. Conversam tão animadamente que seus lábios, grandes e vermelhos, parecem uma dança. Degusto o primeiro coquetel do dia. Preparo-me para quando minha amante chegar.

A tarde agoniza. Morre como uma rosa, que, depois de se tornar a joia mais delicada, bela e preciosa do mundo, deixa eterno rastro de luz. Assim desliza o rio da tarde. Logo a cidade será um transatlântico iluminado, com as criaturas mais esplendorosas do universo, que são as mulheres, espargindo seu perfume, como jasmineiros em tórridas noites em Belém do Pará.

Uma jovem mulher passa ao meu lado, quase roçando em mim. Volto-me para vê-la. É uma negra em vestido de seda, tal qual uma que vi na Estação das Docas, em Belém. Talvez fosse da Guiana Francesa, ou de Trinidad e Tobago, ou da Martinica. Falar em Martinica, se Hemingway estivesse aqui comigo eu o convidaria para pescar ao largo de Sucuriju, no Amapá. Bem que Fernando Canto poderia estar comigo nesta tarde, que morre. Mas o poeta tem suas próprias tardes, que são, certamente, emersas no perfume das virgens ruivas, e mar, pois o poeta decifrou a dimensão da intensidade e tem olho clínico para cheiro de maresia.

Não tenho nem Hemingway, nem Fernando Canto, nem a mulher amada. Só me resta esperar mais um pouco para cair no colo da minha amante.

Ela chega suavemente, e, quando a percebo, sua luz ofuscante entra nos meus sentidos e me conduz à dimensão do primeiro beijo. Nunca estamos preparados para a intensidade da amante, que é puro mistério, é amante de todos os homens, e, principalmente, de todas as mulheres. Ela é a noite.

terça-feira, 1 de outubro de 2019

A Amazônia é do Brasil ou é internacional? Por que os ETs gostam tanto de andar pela Hileia? Leia o novo romance de Ray Cunha: JAMBU


BRASÍLIA, 1 DE OUTUBRO DE 2019 – O que significa data-limite, mencionada por Chico Xavier? Quem são os ETs? O que querem na Terra? De ondem vêm? São seres materiais? Como fazem viagens intergalácticas? Por que os ETs se interessam tanto pela Amazônia? O que foi a Operação Prato? A Amazônia é mesmo do Brasil? Afinal, o que é a Amazônia? As respostas a essas perguntas estão em JAMBU (Clube de Autores, Brasília/DF, 190 páginas, 2019), novo romance de Ray Cunha, que se passa durante o Festival de Gastronomia do Pará e Amapá, no Hotel Caranã, em Macapá, a cidade mais emblemática da Hileia.

Enquanto o Festival Gastronômico do Pará e Amapá revela ao mundo a cozinha mais saborosa do planeta, o oceanógrafo, arqueólogo, taxidermista e jornalista João do Bailique, editor da revista Trópico Úmido, e sua esposa, a chefe de cozinha e oceanógrafa Danielle Silvestre Castro, dona do Hotel Caranã, estão à caça do traficante de crianças e de grude de gurijuba Jules Adolphe Lunier. Neste romance, a Bacia Amazônia se espraia em vários planos, um dos quais o espiritual.

Personagens vivas, como o filósofo japonês Masaharu Taniguchi; o escritor, astrofísico e médium Laércio Fonseca; o escritor, psicanalista e acupunturista Jorge Bessa; o pintor Olivar Cunha, se misturam a personagens de ficção nas ruas da cidade mais emblemática da Amazônia. Assim, a Fortaleza de São José de Macapá, maior ícone dos macapaenses, é a tradução perfeita da cidade que se debruça sobre o maior rio do mundo, o Amazonas, na confluência da Linha Imaginária do Equador.

Construída por escravos, negros e índios, sob o obsessivo domínio português, para resistir à marinha inglesa, embora só tenha sido atacada por malária, a Fortaleza de São José de Macapá foi o cadinho no qual se forjou a etnia macapaense. Os portugueses cruzaram com os africanos e geraram mulatos, e fornicaram com os índios, formando uma população de mamelucos; os africanos misturaram-se com os índios e legaram cafuzos; e mulatos, cafuzos e mamelucos misturaram-se, fechando o círculo, numa diversidade étnica viva nas ruas de Macapá, nas nuances de peles que vão do alabastro ao ébano, passando pelo bronze e jambo maduro, unidos pelo sotaque caboco: a fusão do português falado em Lisboa, doces palavras tupis, línguas africanas, patoá das Guianas, tudo triturado em corruptela. 

RAYCUNHA nasceu em Macapá e trabalhou por mais de uma década como repórter na Amazônia, baseado em Belém, Manaus, Santarém e Rio Branco. Em Brasília, onde mora desde 1987, embora trabalhando na imprensa local, continuou escrevendo sobre a Amazônia.