sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Os espíritos não me deixaram partir porque ainda tenho alguns romances para escrever

Ray Cunha batendo palmas para ele mesmo

BRASÍLIA, 7 DE AGOSTO DE 2020 – O silêncio da madrugada é, como sempre, um esvoaçar de rosas vermelhas, colombianas, compostas de subpartículas de átomo como em um sonho colorido, criado na paleta de Olivar Cunha em um dia em que ele amanheceu amando e então pintou a personagem central do meu romance JAMBU, Danielle Silvestre Castro, cafuza, ruiva de olhos verdes, tomando tacacá. Levanto-me, quase todos os dias, às 4h20. Até algum tempo atrás, tomava café 3 Corações, 100% arábica, gourmet, porém, como não o encontrei mais no Pão de Açúcar, passei a comprar 3 Corações 100% arábica do sul de Minas, que produz um dos melhores cafés do mundo. 

Levantava-me cedo para escrever, mas mudei o horário da escrita. Agora, depois de tomar uma ou duas xícaras do encorpado café coado faço minhas orações, juntamente com minha gata, Josiane. Duram em média uma hora e meia, basicamente de agradecimento a meus antepassados e parentes que já partiram para o mundo espiritual. Estou me acostumando a escrever à tarde, após a sesta. De manhã, caminho no Parque da Cidade ou nas diversas trilhas que tenho descoberto no meu bairro, o Sudoeste.

Depois das orações, vou à janela da sacada do meu quarto, defronte à pracinha do bloco onde moro. O sol é um convite. O tucano, que bate ponto junto com sua companheira, passa sozinho na altura do quarto andar do Le Triumph, no seu voo pesado; atravessa a pracinha, passa por cima da amoreira, que ele frequenta no outono, e some entre os prédios. Na sala, já arrumaram a mesa. É meu aniversário e me chamam. Há uma deliciosa torta de beterraba com creme de leite Ninho. Minha gata sempre pergunta o que eu quero de presente e minha resposta é a mesma: minha família. 

Ano passado, em novembro, sofri um infarto, mas sobrevivi. Foi como se os guardiões que me assistem do mundo espiritual, vendo que eu tenho ainda alguns romances para escrever, ordenassem uma limpeza na artéria entupida do meu coração. Assim, sobrevivi, mas se me perguntarem minha idade, não sei bem qual é, acho que porque vivo com um pé aqui outro lá, e lá não existe tempo, nem matéria, pelo menos do jeito que a conhecemos aqui.

Meu último romance foi JAMBU, uma história que se passa em Macapá, mas que tem como pano de fundo todo o Brasil, especialmente a Amazônia. Comecei a trabalhar em novo romance, e estou adorando escrevê-lo. Nunca as personagens vieram conversar tão facilmente comigo, sondando para ver se tomarão parte da história que estou escrevendo ou se estão fartas das minhas tramas. Mas algumas personagens gostam do que escrevo e sempre batem ponto nos meus romances ou contos.

Também me ocupo com pacientes, pois sou terapeuta em Medicina Tradicional Chinesa. Tenho uma paciente, que, ao auscultar seu pulso, percebi que seus pulmões estavam desequilibrados; no dia seguinte, ela se submeteu a exame clínico e deu o vírus chinês. Então, fiz uma limpeza no seu meridiano do pulmão e o resultado foi espantoso: sua respiração voltou ao normal e a dormir bem.

Certamente, houve a intervenção dos guardiões não só porque escrevo livros, mas também porque realizo trabalho voluntário no Centro Espírita André Luiz, onde, com uma equipe de acupunturistas e massoterapeutas, atendemos muita gente, principalmente velhinhos como eu.

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